“...A escola não ensina, a igreja não
catequiza, os partidos não politizam. O que opera é um monstruoso sistema de
comunicação de massa, impondo padrões de consumo inatingíveis e desejos
inalcançáveis, aprofundando mais a marginalidade dessas populações”
Darcy Ribeiro (1922-1997)
No prelúdio da Copa do Mundo no Brasil (2014) percebe-se que o
povo brasileiro ficou confuso (ou pelo menos se reconhece hoje a confusão ideológica,
prática e paradigmática de ser brasileiro). Quando o Brasil foi escolhido para
sediar o Mundial (31 de Maio de 2009) todos celebraram o feito, não há nenhum
registro oficial de opinião contrária, o povo apoiou a ideia de o Brasil sediar
a Copa – todos nós brasileiros sabíamos que haveria desvio de verba, pois corrupção
e malandragem nunca foi novidade em solos tupiniquins, especialmente entre os políticos
e donos do capital.
Os anos se passaram e o óbvio, o lógico, o previsível, o inevitável,
aconteceu: superfaturaram as obras da Copa do Mundo. O resultado foi uma maré
de brasileiro que saíram as ruas (meados de junho de 2013) para “desfilarem”
suas supostas indignações. Agora todos os brasileiros (exceto os políticos aliados
ao PT e as empresas que ganharam as licitações da Copa) eram contra a Copa do Mundo
e “apresentavam” um alto índice de percepção crítica coletiva sobre educação, saúde,
segurança e economia global – a bem da verdade as manifestações foram mais um
desabafo de fúria desprovido de intencionalidade do que um processo de reivindicações
coletivas para a nação.
Um ano se passou (meados de junho de 2014) e agora os brasileiros se encontram numa situação constrangedora e contraditória, sutilmente se percebe um reapaixonar do povo pela Copa (ainda envergonhado, acanhado, mas vívido) – a história se repete: os mesmos que gritavam Hosana para saudar Jesus, foram os mesmos que gritaram “crucifiquei-o”, e foram os mesmos que se vislumbram/encantaram com a ressureição do Mestre. Então, descortina nossa mais vil debilidade: nossa brasileiraridade. Que permiti afirmar: Copa do Mundo - não sou contra, nem a favor, muito pelo contrário!
Um ano se passou (meados de junho de 2014) e agora os brasileiros se encontram numa situação constrangedora e contraditória, sutilmente se percebe um reapaixonar do povo pela Copa (ainda envergonhado, acanhado, mas vívido) – a história se repete: os mesmos que gritavam Hosana para saudar Jesus, foram os mesmos que gritaram “crucifiquei-o”, e foram os mesmos que se vislumbram/encantaram com a ressureição do Mestre. Então, descortina nossa mais vil debilidade: nossa brasileiraridade. Que permiti afirmar: Copa do Mundo - não sou contra, nem a favor, muito pelo contrário!
Deste emaranhado de paixões e raivas que orbitam no epicentro da
nação brasileira é válido arrazoarmos sobre alguns aspectos: 1) A Copa do Mundo
é antes de qualquer coisa um jogo político-capitalista – não se iludam
navegantes tupiniquins, a escolha do Brasil como sede para o Mundial não foi
realmente uma “escolha”, mas sim uma estratégia politica para acumulo de
capital. Em tempos de crise mundial só nós brasileiros toparíamos investir bilhões
em entretenimento e desviar verbas descaradamente. 2) Ganhar ou perder a Copa
do Mundo não é uma questão de seleção de jogadores – não sejamos ingênuos indígenas,
tudo já está arquitetamente vendido, algo tipo aquelas lutas livres que
assistia na minha infância. Não existem jogos (de qualquer gênero) que não seja
passivo de manipulação dos resultados, ainda mais no Brasil.
Há mais algumas considerações que precisamos ser sinceros: 3) Os
brasileiros não são pessoas com senso coletivo – não se alucine, óh grande nação,
as manifestações (2013) apenas provaram o quanto temos dificuldade de organizar
reivindicações para o bem coletivo. E ao contrário do que se divulgou, afirmando
que os tempos pós-modernos se caracterizam por diversidade e pluralidade, não se
pode esquecer que também vivemos na época de uma indivisível individualidade. 4)
A corrupção não é luxo dos políticos e donos do capital – não sejamos desatento
quanto aos espelhos, desde mui pequenos aprendemos a nos beneficiar as custas
das perdas dos outros. A ética brasileira é de gênero duvidoso.
Copa do Mundo! Contra ou a favor? Isto realmente não importa. O
que se pode pressagiar é que: a Copa vai acontecer, e os desvios de verbas vão
continuar nos hospitais, escolas, viadutos, metrôs e no carnaval; o povo
brasileiro vai parar para ver o jogo do Brasil, e depois vão continuar a
discursar suas homilias de pesudo-intelectualidade sobre a corrupção, moral e
civilismo. Enfim, precisamos realmente mais do que Copa, mas também precisamos
mais do que hospitais, escolas, transportes e aeroportos – precisamos de consciência,
honestidade, caráter, seriedade e comprometimento (valores não tangíveis, e
talvez por isto, não reivindicados).
Que venham as Olimpíadas 2016 - que não sou contra, nem a favor,
muito pelo contrário!
Assim e simplesmente,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
[escrito em 06 de Junho de 2014]
Concordo professor. Não sejamos hipócritas em assumir vil opiniões. Se já está determinado e a copa vai acontecer, então o mínimo que nos resta é torcer. Torcer não pela vitória da nossa seleção, mais pela vitória da nossa nação. Um país rico de gente pobre, onde os pensantes são minoria, e a educação é superfaturada pelo único motivo: ELES tem medo que o gigante acorde.
ResponderExcluiré... enquanto ficamos assim: "nem a favor, nem contra", a corrupção se naturaliza em solos tupiniquins
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